quinta-feira, 4 de junho de 2009

Incompreensíveis diferenças

Hoje escrevo uma reflexão sobre um acontecimento que envolve uma das questões mais polêmicas da educação na atualidade: a inclusão. Pasmo diariamente sobre quão igualmente maravilhosa e difícil pode ser a tarefa de incluir alunos com necessidades especiais nas aulas! O exemplo pode deixar claro:
L. é uma menina linda, de 4 anos de idade, cujo diagnóstico ainda não é totalmente identificado. Alguns acreditam ser autista leve, outros DM leve, e outros, ainda, não sabem definir nem de longe o que a faz ser assim, notável.
Certas vezes, L. se interessa pelas atividades; outras vezes, a terra molhada parece interessar-lhe bem mais (e que sujeira ela fica quando resolve se interessar pela terra molhada ao invés da aula!). Minha vitória até então sempre foi conseguir fazer com que ela participasse das atividades como os demais, mas às vezes, enquanto a observava correr e brincar, ficava me indagando se aquele movimento faz algum sentido para ela ou se o faz apenas por imitação dos colegas. Se é mesmo uma vitória minha ou um simples conformismo.
Na última aula, arrumei um colchonete para que os pequenos experimentassem (alguns pela primeira vez na vida) a sensação de virar uma cambalhota. Imaginei por alguns longos minutos se conseguiria fazer com que L. também experimentasse. Para a minha surpresa, ela rapidamente levantou-se e posicionou-se para que eu pudesse ajudá-la. E lá se foi. Ela rolou e deu uma grande e espontânea gargalhada, depois saiu dando muitos pulinhos com as mãos para o alto e um enorme sorriso, como sempre costuma fazer quando está satisfeita. Mais três ou quatro vezes ela repetiu o movimento e também as expressões de alegria. Depois disso, difícil mesmo foi fazê-la entender que os amigos também queriam brincar e que só havia um colchonete para todos!
A cada expressão de alegria dela, meu coração se alegrava também. Naquele dia, me acalmei, porque soube que o mais importante não é compreender o que aquilo significa para ela, mas saber que significa.

2 comentários:

  1. Às vezes as coisas nos obrigam a parar se sistematizar as coisas. Quando isso acontece, uma outra realidade se mostra e coisas que não tinham sentido passam a ser claras.
    Poucas pessoas percebem que pessoas especiais não são "erradas" ou sem capacidade. Elas simplesmente têm uma outra realidade, distinta dos padrões comuns estabelecidos para a conduta do ser humano. As respostas dessa sua aluninha nem sempre vão ser satisfatórias se você sempre a encarar com os padrões comuns...mas acho que isso mudou depois dessa experiência, né?

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  2. Lilica, foi de emocionar... muitas vezes uma realidade poética é capaz de mover muitas mais ações, do que um protesto cru e indignado. Parabéns pelo brog e por esse olhar tão especial que tem sobre as coisinhas da vida! ^.^

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